sábado, 12 de fevereiro de 2011

Erotismo cibernético


Beatriz, uma bela mulher, no auge de seus 30 anos, tinha alguns medos em sua vida e entre eles, o medo da morte.

Mas não era, pura e simplesmente, o medo de morrer. Mas sim, o medo de não poder realizar em vida, todos os seus sonhos e fantasias.

Filha de um pai repressor teve uma infância e uma adolescência muito limitada às vontades e permissões do pai, até o dia em que ele descobriu que ela estava namorando escondido com o seu melhor amigo. Ambos resolveram fugir da cidade, pois a ira do pai os alcançariam e seria impiedosa. Foi então a primeira vez que experimentou o “doce prazer da morte”. Ou seja, o medo gostoso do perigo, que passaria a marcar a sua vida dali em diante.

Sua primeira providência, na nova cidade, foi escrever um “testamento”, legando aos seus amigos queridos, todos os seus tesouros preciosos: os seus livros. Era apenas um gesto simbólico, que significava o quanto ela tinha mudado sua visão da morte. Daí publicou esse “testamento” em uma página da internet, num site de relacionamentos.

Na nova vida que começou em uma cidade distante 500 Km de sua cidade natal, com pouco tempo teve que se virar sozinha, pois o namorado se enrabichou pela filha da zeladora do prédio onde foram morar e a engravidou. Ele teve que abandonar aquela casa e logo procurar outro local e conseguir um emprego que lhe permitisse sustentar-se.

Como havia estudado enfermagem, conseguiu um emprego em um hospital particular, onde em pouco tempo de trabalho, era querida e amada por todos, especialmente pelos pacientes, devido à atenção e carinho com que cuidava de cada um.

Dividia agora o seu tempo entre o trabalho e o pequeno apartamento “quarto e sala” que conseguira alugar, num bairro da periferia, onde sequer tinha tempo de fazer amigos. Se bem que os moradores do local eram de poucos amigos. O que lhe fazia companhia era o “mundo virtual” que mergulhava através da internet, no computador recém-comprado em prestações “a perder de vista”.

Paulo era um amigo virtual que conhecera por acaso no “mundo cibernético” e que fora citado no seu “testamento” como herdeiro de um dos livros do qual ela mais gostava, “Contos de Fadas Erótico” da escritora Nancy Madore. O livro recria narrativas históricas de contos de fadas, sob um olhar erótico, sedutor e picante, onde príncipes e princesas deixam de lado recatos e pudores.

Ambos tinham em comum uma cumplicidade descoberta nas conversas sobre o dia-a-dia de cada um deles. Era como se fossem “irmãos separados na maternidade”. Para ela soava como poder dar vazão às fantasias que sempre alimentou, reprimidas enquanto morava sob o domínio paterno. Suas conversas, que às vezes entravam madrugada adentro, iam desde gostos literários até relatos de sua vida cheia de privações, quando vivia sob o domínio do pai castrador. Logo, as “confissões” ganharam mais liberdade de parte a parte e as situações mais íntimas vividas por ambos, também passaram, naturalmente, a fazer parte das conversas.
Beatriz então prometeu a Paulo que lhe enviaria o livro que lhe fora legado no testamento fictício, imaginando em segredo o que aquilo poderia provocar entre ambos.

Disse Beatriz: - Estou te mandando de presente, o livro. Ao recebê-lo você vai perceber que ele estará impregnado de meu perfume e poderá ainda sentir em suas páginas, talvez o cheiro de meus dedos. Quando morava com meus pais, o guardava na minha gaveta de calcinhas e imagino que o cheiro delas também poderá ser sentido no livro.

Paulo ficou inquieto. Imaginação a mil, por ler o que Beatriz acabara de escrever e por imaginar sobre como seriam narradas as histórias adaptadas pela autora. E isso o excitava! Sem pudores, contou isso a Beatriz, que demonstrava um sorriso cúmplice e safado, causando em ambos ainda mais excitação. Implicitamente sabiam que nem deveriam estar falando sobre suas fantasias, mas era como se isso brotasse de dentro de ambos, como braços que os enlaçavam e os fundiam em apenas um, subvertendo Isaac Newton que, em sua teoria, afirmava que “dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço”. Mas eles ocupavam, dividiam, somavam, multiplicavam. Eram feitos da mesma matéria. Eram como siameses...

Passaram os dias e Paulo aguardava ansioso a chegada de seu presente. Numa manhã, quando estava saindo para o trabalho, recebe o embrulho das mãos do porteiro de seu prédio, que acabara de ser recebido. Desiste então de ir ao trabalho. Toma novamente o elevador e já vai abrindo o pacote, que realmente exalava o perfume de Beatriz, como ela prometera.
Com pressa, jogou o livro sobre a mesa e se apressa em enviar um torpedo à sua amiga, avisando que o livro chegara e pedindo que ligasse seu computador, para conversarem. Enquanto esperava, ligou para o seu chefe e avisou que tivera um contratempo que o impediria de ir ao trabalho naquela manhã.

Beatriz não trabalharia naquele dia. Não estaria de plantão. E por isso pensou em dormir até mais tarde. Mas ao ser acordada pela chegada da mensagem em seu celular, não pensou duas vezes. Ela vestia apenas uma fina camisola curta e branca, com detalhes em renda, cor de rosa. Seu coração batia excitado e, mesmo sem querer, ficou ofegante, ao tempo que sentia sua vagina contrair-se em esparmos. Sentia a agradável sensação de “estar molhada”. Olhava-se diante do espelho e contemplava seu corpo moreno, esguio e alto, seios firmes e arredondados, que se pronunciavam pelo tecido da camisola, tanto quanto seu monte de Vênus, despojado de pelos e volumoso, constratando com seu bumbum pequeno, mas bem empinado, Admirava ainda suas pernas longas e bem torneadas. O corpo sedutor, contrastava ainda com seu rosto marcante e olhar inocente.

Escovou os dentes, passou uma escova no cabelo, mas não o prendeu, pois sabia o quanto Paulo gostava de vê-lo solto e ainda assim, poderia cobrir e disfarçar os seios que quase chegavam a furar o fino tecido da camisola. Quando ligou o computador, Paulo já a esperava.
Ao seu cumprimento de “Bom dia”, já liga imediatamente a webcam para que a amiga o visse cheirando as páginas do livro, inebriado por seu perfume. E comenta: - Se sentir teu cheiro for tão gostoso como este que sinto agora, quero passar a vida sentindo cada um de teus cheiros e sabores. Quero beber o teu suor lambendo teu corpo. Quero chupar cada um dos dedos que tocaram essas páginas depois te terem visitado tuas entranhas.

Beatriz suspirou profundamente de olhos fechados e secretamente sentiu um profundo orgasmo. Nem precisava dizer nada. Ela tinha certeza que Paulo sabia que ela havia gozado.
Paulo, sentindo o clima de excitação no ar, provocou Beatriz: - Diga-me, Bia. Que história você achou mais gostosa de ler? Que personagem você gostaria de ser, no livro? Quero ler agora essa história prá você!

Um filme passou pela mente de Beatriz neste momento. Lembrara de quando lera a versão da autora para “A Bela e a Fera”, de como ficara excitada e do momento em que, não mais se contendo, pôs o livro de lado na cama e mergulhou em seus devaneios, sentindo-se a própria Bela penetrada vorazmente pela fera; lembrava de seu gozo intenso e dos gemidos contidos pelo travesseiro em que mergulhara sua cabeça, na posição de bruços na qual se encontrava; depois o relaxamento e o retomar das páginas do livro, desta vez para reler a parte que lhe dera tanta excitação, passando às suas páginas, o doce mel de seu gozo. E pensava se Paulo não estaria sentindo esse cheiro nas páginas do livro agora em suas mãos.

Paulo parecia ler os pensamentos de Beatriz e não foi nenhuma surpresa, quando abriu o livro exatamente na página que descrevia a cena lembrada por Beatriz e começou a ler para ela, como se fosse a parte que ele mais gostara, sem sequer ter lido o livro. Ele já estava nu, mergulhado também em devaneios. Bêbado com o perfume que o livro exalava.

Fechou os olhos ao mesmo tempo que Beatriz e, naquele momento, como se por mágica, sentiu que entrava nas páginas do livro de mãos dadas junto com Beatriz. E a partir daquele momento eles deixaram de ser Beatriz e Paulo e passaram a ser os personagens da história que agora povoava a imaginação de ambos.

Não era mais o perfume do livro que sentia, mas sim o perfume que vinha do corpo da própria Bela/Beatriz, que enchia aquele banheiro enorme onde se encontravam. Não havia tempo para preliminares. Ele era a fera, quando retirou fora o seu membro e puxando-a pelos cabelos, colocou-o com rispidez em sua boca. E ela o sorveu, de início com temor, mas logo depois com muita vontade, como se fosse o mais gostoso que já tivera em sua boca, esquecendo até mesmo o aspecto asqueroso daquele membro bestial.

A Bela/Beatriz queria sentir o jorro quente descer por sua garganta, mas a Fera/Paulo a fez parar de forma brusca. Da mesma forma lhe virou de costas, abriu suas pernas o que a fez tremer de medo do que viria em seguida. Será que agüentaria dentro de si, tudo aquilo? Mas a Fera/Paulo, ainda ajoelhou-se e a penetrou com sua língua pontiaguda, que mais parecia a ponta de um chicote em seu clitóris e ânus, desejosos daqueles carinhos. Alguns minutos depois, ficou de pé, mas a manteve na mesma posição.

Bela/Beatriz apertou os olhos e cerrou os dentes. Prometera em silêncio que não demonstraria nenhum sinal de dor ou incômodo. Mas a rigidez muscular causada por sua contração involuntária, causava uma grande dor e a lembrava de sua primeira relação, uma experiência nada agradável, embora tardia, aos seus 25 anos.

Surpresa percebeu que a dor lhe causava prazer, pois lhe vinha à mente, num átimo de segundos, o seu “medo de morrer”, que no fundo, significava o medo do desconhecido. Mas a sensação era agradável e logo relaxou, entrando no ritmo frenético da fera que, com sua respiração ofegante tal um touro bravo na arena de touradas. Entregou-se! Com mais alguns minutos sentiu o jorro morno em suas entranhas que veio com tanta pressão que imaginou que aquela vontade que tivera de o sentir na garganta, iria se realizar desta vez pelo “caminho de volta”. Seus gemidos cessaram e sentia o Paulo/Fera ofegante e relaxado.

E quando ambos abriram os olhos estavam em seus lugares diante do computador, suados, ofegantes e extasiados, agora sem nenhum pudor de se mostrarem um ao outro, exibindo seus corpos e fluídos.

Um sorriso cúmplice nasceu no canto da boca de cada um deles e a partir daquele momento, tinham a certeza que novas “viagens” para dentro do livro viriam a cada uma das histórias que lessem juntos.

3 comentários:

  1. Oiii, adorei a história! Ainda mais com meus palpites heheheeh
    Ta tudo Lindoo! (Fora que tô me achando com o Primeiro comentário ;D)
    Beijoes

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  2. esse blog é dos meus. sou tarcísio buenas da la verga del buenas.

    obrigado por linkar meu blog aqui.

    no on the rocks escrevo sobre música e literatura, entre outras coisas.

    pinte lá depois.

    parabéns!

    abs

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  3. Delicioso ler isso!!
    bjs.

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